domingo, 18 de maio de 2008

Proteínas

Enquanto moléculas

As proteínas são moléculas orgânicas constituídas por monómeros chamados aminoácidos.
Os aminoácidos são compostos quaternários, pois são constituídos por quatro elementos químicos fundamentais: Carbono, Oxigénio, Azoto e Hidrogénio. No entanto podem conter outros elementos químicos, em quantidades reduzidas.

Cada aminoácido é constituído por um grupo amina, um grupo carboxilo, um átomo de hidrogénio e um radical (diferente entre todos os aminoácidos).
Quando dois ou mais aminoácidos se ligam entre si, através de uma ligação peptídica, ocorre a formação de um péptido. Esta ligação peptídica ocorre entre o grupo carboxilo de um aminoácido e o grupo amina do outro.

Assim, estas cadeias de aminoácidos podem formar péptidos de diferente tamanho e complexidade. Quando o número de aminoácidos ligados é de 2, chama-se dipéptido, se for 3 é tripéptido e assim sucessivamente. Quando o número de aminoácidos ligados é compreendido entre 2 e 20 chamamos, genericamente, oligopéptido. Se o número de aminoácidos ligados ultrapassar 20, a molécula toma a designação de polipéptido. Os polipéptidos constituem uma cadeia polipeptídica.

No entanto, as proteínas são estruturas ainda mais complexas que as cadeias polipeptídicas, tendo também vários níveis de organização. A sua estrutura primária é, na verdade uma simples sequência de aminoácidos ligados entre si. No entanto, quando várias destas cadeias se juntam entre si podem-se formar dois tipos de estrutura secundária: a hélice (quando surgem enroladas entre si) e a folha pregueada (quando se dispõem paralelamente por pontos de hidrogénio). A estrutura secundária pode-se também dobras sobre si própria, formando uma estrutura terciária. Esta última, por sua vez também se pode dobras, formando um tipo de estrutura quaternária chamado cadeia globular.

Temos ainda de referir dois grupos importantes de proteínas: as proteínas simples ou conjugadas. No caso das primeiras, toda a porção da molécula é formada por aminoácidos. No caso das proteínas conjugadas, há adição de um grupo prostético (porção da proteína não constituída por aminoácidos. De acordo com a natureza do grupo prostético (que pode ser formado por glícidos, lípidos, pigmentos, etc.), a proteínas conjugada tomará o nome de glicoproteína, lipoproteína, cromoproteína, etc.



Representação da estrutura de um aminoácido.


Proteína globular.

Funções das proteínas

As funções das proteínas tendem a ser muito diversas, pois cada uma é concebida para um papel específico. No entanto, podemos dizer que as proteínas exercem funções:
  1. Catalisadoras (aumentando a velocidade dos fenómenos biológicos que ocorrem no interior do organismo);
  2. De armazenamento (de substâncias essenciais);
  3. Estruturais (sendo como que “blocos de construção” do organismo);
  4. De transporte (de gases, moléculas ou outras substâncias, como é o caso da hemoglobina, transportadora de oxigénio no sangue);
  5. Hormonais (fazendo parte da constituição molecular de certas hormonas);
  6. Anti-inflamatórias (como é o caso da imunoglobulina, que activa o sistema imunitário do organismo);
  7. Enzimáticas (como é o caso das lipases que actuam sobre os lípidos, catalisando as reacções químicas com eles relacionadas);
  8. Nutricionais (fazendo o organismo recuperar após um esforço intenso).


As lipases são proteínas que hidrolizam os lípidos, actuando, por isso, como enzimas gástricas.


De qualquer forma, as funções das proteínas podem ser subdivididas em dois grupos:
  • Funções dinâmicas – de transporte, catálise, defesa, controlo metabólico e contracção;
  • Funções estruturais – promovendo a sustentação estrutural, quer ao nível de células, quer de tecidos.


As hemacias transportam hemoglobina, que tem por função o transporte de oxigénio.

A título de exemplo apresentamos um quadro com as principais funções das proteínas mais conhecidas.



Processo de renovação proteico

As proteínas do nosso do organismo são sintetizadas a partir de pouco mais de 20 aminoácidos os quais podem ser essenciais, isto é, incapazes de serem produzidos pelo nosso organismo (tendo de ser adquiridos através da alimentação) ou não.



É através da tradução do código genético (implícito no ADN) que se dá a sintese de proteínas.


As proteínas que são ingeridas são, normalmente, utilizadas para renovar as que são desfeitas. Este processo de renovação é sempre contínuo. Estão sempre proteínas a ser transformadas em aminoácidos soltos e aminoácidos novos (vindos da alimentação) a unirem-se formando proteínas. A síntese de proteínas através dos aminoácidos dá-se ao nível dos ribossomas (estruturas presentes nas células), num processo chamado tradução. O nome deste processo advém do facto de, a cada sequência de nucleótidos presente no ADN corresponderem certos aminoácidos. Assim, através desta tradução de uma cadeia de
ADN para uma cadeia de aminoácidos, as proteínas são criadas com base na informação genética do indivíduo. Há que lembrar que, ainda que as proteínas sejam indispensáveis para a renovação das proteínas do organismo, elas também nos fornecem energia (cerca de 15% da total). Importa lembrar que a dose de proteínas diárias a incluir na nossa alimentação é cerca de1,5 gramas por quilograma de peso corporal. No caso dos praticantes de desportos rápidos e intensos, a quantidade de proteínas a ingerir sobe para 2,5 gramas por quilograma de peso corporal.



O ribossoma é a estrutura principalmente envolvida no processo de tradução do ADN em proteínas.

Balanço proteico no organismo

A renovação contínua das proteínas do organismo assegura a completa eficácia das funções orgânicas essenciais. Contudo, esta reciclagem proteica não de eficácia absoluta, pois eliminamos materiais proteicos através da excreção. O corpo humano constituído, fundamentalmente, por uma dose de proteínas entre 8 a 10 quilogramas, cada uma delas com diferentes funções e velocidades de renovação, precisa de uma ingestão controlada de proteínas. Um indivíduo adulto, por ter o peso estável, deve ingerir uma quantidade de aminoácidos equivalente àquela que foi eliminada. Mas ingerir aminoácidos em excesso não é solução. Os que não são utilizados na reconstrução das proteínas são utilizados como fonte de energia. O metabolismo dos aminoácidos pode, também, ser influenciado pela prática desportiva (pois esta aumenta a massa muscular) e por diversas hormonas.

Proteínas vegetais vs animais

Embora associemos os alimentos proteicos às fontes alimentares derivadas dos animais (carnes, peixe, leite e ovos) também existem alimentos derivados do mundo vegetal que conte proteínas, embora em menor quantidade. Assim, atendendo à quantidade, as fontes proteicas animais são a melhor escolha.

Por outro lado, as proteínas das fontes alimentares animais têm uma composição percentual de cada tipo de proteínas que se assemelha muito mais às nossas necessidades que a composição proteica das fontes de proteínas vegetais. Neste aspecto, as proteínas animais voltam a ser a melhor escolha.

No entanto, as proteínas vegetais têm grande predominância de aminoácidos essenciais, o que não acontece comas proteínas vegetais. Assim, dada a importância deste grupo de aminoácidos, neste aspecto, as proteínas vegetais levam a melhor.

Portanto, não é conclusivo que qualquer uma das fontes proteicas seja de maior qualidade. As fontes de proteínas devem ser mistas, para que o nosso organismo possa tirar as melhores contribuições de cada uma delas.



As dietas vegetarianas também podem ser ricas em proteínas, se os alimentos correctos forem escolhidos.


Fontes proteicas


Como já foi destacado anteriormente, existem alimentos que nos podem oferecer grande quantidade e qualidade de proteínas. E esses alimentos dividem-se em dois grupos: os de origem animal e os de origem vegetal.

Os alimentos de origem animal comummente vistos como mais ricos em proteínas são a carne, o peixe (especialmente atum), os ovos (especialmente a clara, pois a gema obriga ao consumo de gordura), e os lacticínios. No entanto, todos os alimentos de origem animal têm uma percentagem de proteínas bem considerável. No entanto, há que seleccionar as nossas fontes proteicas para que não sejamos obrigados a consumir muita gordura. A escolha de um alimento proteico mas pobre em gorduras é essencial. Por isso, recomendam-se as carnes de aves (frango e peru), o leite magro, peixes magros (como a pescada e o atum) e clara de ovo.



O atum é uma boa fonte proteica.


Os alimentos vegetais mais ricos em proteínas são os feijões, lentilhas, frutos secos (tais como nozes e amêndoas, favas, ervilhas, soja e grão de bico e amendoins. No caso da ingestão destes alimentos, por serem de origem vegetal, não há risco de ingestão exagerada de gordura associada ás proteínas. Pode-se, portanto, usar e abusar deles.



Os feijões, de várias qualidades, contêm uma percentagem de proteínas, ricas em aminoácidos essenciais.


Suplementos nutricionais

As proteínas são dos principais nutrientes envolvidos nos processos de obtenção de massa muscular tendo, por isso, especial importância para os desportistas. Como estes têm de ingerir grandes quantidades deste nutriente, e dado que poucos produtos de origem vegetal têm baixo teor de gordura, uma solução seria recorrer às fontes de proteínas vegetais. No entanto, como o percentual proteico destes alimento é menor, seria impossível a um atleta suprir as suas necessidades proteicas através de vegetais pois comeria quilos e quilos por dia.

Para resolver este problema foram criados os suplementos nutricionais para atletas. Note-se que, por serem para atletas, o cidadão comum não está impedido de o ingerir. Estes suplementos podem ser de vários nutrientes mas, os mais comuns, são compostos por aminoácidos ou proteínas. O grande benefício destes suplementos é a possibilidade de ingestão das quantidades de proteínas essenciais ao rendimento do atleta sem a ingestão de gorduras que normalmente viria associada.

No entanto, os nutricionistas em geral não aconselham a tomada destes produtos sem o seu aconselhamento. Os poucos conhecimentos acerca de nutrição de quem não é um profissional da área podem pôr em causa o organismo dessa pessoa.


Alguns suplementos nutricionais proteicos têm percentagens de proteína que rondam os 95%.

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