domingo, 18 de maio de 2008

Lípidos

A nível molecular

Os lípidos são um grupo de moléculas muito heterogéneo, do qual fazem parte as gorduras, esteróides, ceras, etc. São, geralmente, compostos por Hidrogénio, Oxigénio e Carbono, podendo também conter porções de Azoto, Fósforo e Enxofre. Uma das características comuns a todos os lípidos é a insolubilidade em água e a solubilidade em solventes orgânicos como o éter e o Sulfureto de Carbono. Todos os lípidos são constituídos por ácidos gordos e a maior parte também constituída por glicerol.

Devido ao facto de ser um grupo de moléculas muito heterogéneo, como já referimos, há várias classificações para o agrupamento dos tipos de glícidos. Aquela que nós achámos mais simples e fácil de interiorizar, agrupa estas moléculas em três grupos: lípidos simples, lípidos conjugados e lípidos derivados. Passemos então a falar um pouco de cada um dos destes grupos.

Lípidos simples

São de dois tipos, os glicéridos (ou glicerídeos) e as ceras.

Os primeiros são ésteres do glicerol e de ácidos gordos. Um éster é entendido, em química, como o produto da reacção de um ácido orgânico (neste caso os ácidos gordos) com um álcool (neste caso o glicerol). Os ácidos gordos são substâncias constituídas por uma cadeia linear de átomos de Carbono com um grupo terminal designado carboxilo (COOH). Já o glicerol é um álcool que contém três grupos hidroxilo (OH), capazes cada um de estabelecer uma ligação com o grupo carboxilo de um ácido gordo. Quando as duas estruturas ligantes se aproximam, ocorre uma reacção de condensação, isto é, uma união das duas moléculas da qual sobra água. Está assim formado um glicérido ou glicerídeo. O nome éster advém da ligação de condensação, à qual chamamos ligação éster. Os glicéridos podem ser de vários tipos: monoglicerídeos (quando se ligam um ácido gordo e um glicerol), diglicerídeos (quando se ligam dois ácidos gordos e um glicerol) e triglicerídeos (quando se ligam três ácidos gordos e um glicerol).



Estrutura molecular de um ácido gordo (repare-se no COOH final, capaz de estabelecer as ligações éster com o glicerol).



Estrutura molecular do glicerol. Este álcool apresenta os grupos terminais OH capazes de estabelecer ligações com ácidos gordos.



Representação de um triglicerídeos, resultado da ligação de três ácidos gordos com um glicerol.

Já as ceras são também ésteres mas de mono-álcoois de elevado peso molecular.

Mono-álcoois são álcoois que, ao contrário do glicerol, não têm três grupos hidroxilo mas apenas um. Estes álcoois ligam-se a ácidos tais como o ácido cerótico e o palmítico para produzir as ceras. No meio natural, estas moléculas são sintetizadas pelas abelhas.

Lípidos conjugados

Os lípidos conjugados caracterizam-se por conterem outras substâncias para além de álcoois e ácidos gordos. São essas substâncias açúcares, bases azotadas, fosfatos, etc.

São inúmeros os subgrupos dos lípidos conjugados mas o mais importante é o dos glicerofosfolípidos (ou fosfolípidos), seguido dos esfingolípidos e dos glicolípidos.

Fosfolípidos

Os fosfolípidos são o resultado da ligação de um grupo fosfato a um diglicerídeo. São por isso ésteres em que um dos grupos hidroxilo do glicerol se liga ao grupo fosfato.

A importância dos fosfolípidos reside no facto de serem o principal constituinte das membranas celulares, segundo o modelo proposto por Singer e Nicholson em 1972. O facto de estas moléculas serem anfipáticas, isto é, terem uma extremidade com afinidade perante a água e outra sem afinidade é decisivo para manter a integridade das células.



Esquema de um fosfolípido.


Esfingolípidos

Os esfingolípidos são lípidos constituintes de membranas celulares, assim como os fosfolípidos. O seu nome deriva do facto da sua função ser tão enigmática quanto a esfinge na altura da sua descoberta.

Ao contrário dos fosfolípidos, não possuem glicerol, sendo este substituído na sua estrutura por outro grupo polar. Só contém um ácido gordo e tem ainda uma molécula denominada esfingosina amino álcool, de cadeia longa.

Entre as funções dos esfingolípidos estão o reconhecimento de substâncias ao nível da parede celular.


Esquema de um esfingolípido.


Glicolípidos

Os glicolípidos são lípidos cuja molécula contém um açúcar e que entram também eles na constituição das membranas celulares. Assim como os esfingolípidos, as funções dos glicolípidos baseiam-se no reconhecimento de substâncias.

Lípidos derivados

Dentro deste grupo encontram-se um variado número de substâncias, as quais têm em comum as características referentes aos lípidos, como são exemplo a solubilidade em solventes orgânicos e a insolubilidade na água. Assim, podem fazer parte deste grupo hidrocarbonetos, alguns ácidos gordos e álcoois e ainda as vitaminas K, D e E. Não podemos esquecer também dois subgrupos de lípidos derivados: as prostaglandinas e os compostos isoprénicos.

As prostaglandinas são hormonas mas raramente são consideradas como tal. São portanto lípidos derivados dos ácidos gordos que podem conter até 20 átomos de Carbono. As suas funções são importantíssimas para o organismo. Elas aumentam a permeabilidade da superfície capilar e desempenham processos importantes na defesa do organismo aquando das infecções. Também na gravidez estas substâncias são importantes. O aumento dos níveis de estrogénio na mulher aumenta também a concentração de prostaglandinas no endométrio. Este aumento faz contrair útero. Pode-se então dizer que estas substâncias são responsáveis pela expulsão do bebé, aquando do nascimento.

Os compostos isoprénicos estão presentes tanto nas plantas como em animais e resultam da condensação do isopreno (um hidrocarboneto que constitui a base de todos os óleos essenciais). Entre estes compostos encontram-se os esteróides, grupo constituído por diversas hormonas bem como colesterol.

O Colesterol é uma molécula que faz parte do grupo dos esteróides. É muito arriscado ter os níveis de Colesterol demasiado altos pois este composto vai se depositar nos vasos sanguíneos, impedindo a boa circulação sanguínea e desgastando o músculo cardíaco.



Os estrógenios, uma das hormonas sexuais femininas, também fazem parte do grupo dos esteróides.

Funções


Os lípidos são essenciais ao organismo, em especial alguns ácidos gordos. Isto acontece porque o organismo não os consegue produzir sozinho. De qualquer forma, a velha história de que, quanto menos gordura se ingerir, não está totalmente correcta.

Os lípidos são uma fonte de energia potencial ou imediata (cada grama de glícidos contém 9 calorias). Para além disso, eles contribuem para um importante isolamento térmico do nosso corpo. Animais que habitam em regiões polares adquirem durante o Verão uma espessa camada de gordura que possa actuar conjuntamente com a sua pelagem noi sentido de os proteger do frio do Inverno de cada ano. Um factor a ter em conta também é a importância dos lípidos na condução do influxo nervoso. Alguns neurónios (células nervosas que transmitem o influxo nervoso) possuem a bainha de mielina, substância esbranquiçada que aumenta o isolamento de cada neurónio, acelerando a velocidade do influxo. Esta bainha de mielina é constituída por uma substância lipídica, a esfingomielina. Sem esta, a velocidade do influxo nervoso seria mais baixa. Os lípidos têm também outras funções, tais como a estimulação da secreção biliar (essencial para a digestão) e a regulação do trânsito intestinal. Há que lembrar também que os lípidos permitem chegar a uma sensação de saciedade mais rapidamente, algo que ajuda a controlar a quantidade de comida ingerida.


Representação de um nervo protegido pela bainha de mielina (em tons de amarelo).

No entanto, os lípidos, quando ingeridos de forma exagerada originam problemas pois eles:
  • Dificultam o processo digestivo;
  • Desregulam o esvaziamento biliar;
  • Aumentam o valor calórico total;
  • Desequilibram a flora intestinal;
  • Provocam demasiada acumulação de gordura no organismo.

Enquanto alimento

Existe inúmeras fontes de lípidos na natureza, pelo que é fácil nutrirmo-nos deste nutriente. Alimentos como o óleo, a banha, o azeite e a margarina são muito ricos em lípidos pelo que o seu consumo deve ser regido por regras.

Pequenos truques podem ser usados para minimizar os danos de um consumo exagerado de lípidos na alimentação.

Em primeiro lugar, devemos preferir as gorduras vegetais às naturais, porem serem de melhor valor biológico. Assim, alimentos como os amendoins (bem como todos os frutos secos) adquirem um papel fundamental.

Em segundo lugar, não devemos ingerir lípidos no início das refeições, mas sim no fim. Antes de uma refeição, o organismo está sobre tensão (fome). Esta tensão gerará uma mais rápida absorção dos nutrientes que primeiro caírem no sistema digestivo. Ingerindo primeiro os hidratos de carbono e as proteínas, combatemos essa tensão. No final da refeição poderemos ingerir mais gorduras pois o organismo já só irá absorver aquilo de que necessita mesmo.



Os amendoins são uma boa e saborosa fonte de gordura vegetal.



Acelere o seu metabolismo! Ponha o seu corpo a trabalhar como um motor que queima toda a gordura que você tem e ingere.

Em terceiro lugar, não como lípidos imediatamente depois da actividade física. Embora este grupo forneça muita energia não é bom ingeri-lo logo. Durante a actividade física, o nosso corpo sofre mazelas. E estas mazelas são reparadas com os nutrientes ingeridos após essa actividade física. Não tente repará-las com lípidos pois estará e fazer um erro. Ingira proteínas para reconstruir o tecido muscular e hidratos de carbono para encher as reservas de energia.

Em quarto e último lugar, acelere o seu metabolismo. É preferível alimentar-se muitas vezes e pouco de cada vez, que poucas vezes e muito de cada vez. Ao fazer várias refeições diárias, estará a acelerar o seu metabolismo (forçar uma digestão mais rápida). Haverá menos tempo para o organismo absorver as gorduras e, o aumento do metabolismo produzirá em si muitas mudanças. Você utilizará muito mais gordura para produzir calor, suará mais, a massa muscular gastará mais energia proveniente da gordura acumulado, etc. Para aumentar o metabolismo é também importante desenvolver a sua musculatura.

Sem comentários: