Objectivos
- Obter uma visão acerca da prática de desporto por parte do entrevistado;
- Apontar as principais lesões derivadas da prática desportiva;
- Definir estratégias para a prevenção de lesões na prática do desporto;
- Apontar os prós e contras do desporto competitivo na adolescência.
Entrevista
Em primeiro lugar gostaríamos de agradecer a sua presença aqui, a qual é para nos bastante importante. Esperamos não estar a tomar muito do seu tempo.
Passemos às perguntas.
Como caracteriza o estado actual da prática desportiva no nosso país?
A prática desportiva em Portugal de um modo geral encontra-se em estado deficiente, se tivermos em conta que temos a pretensão de ser um pais moderno, civilizado e, sobretudo democrático.
Os exemplos são notórios e podemos desde logo referir o pouco empenho dado ao desporto escolar; sendo a escola um dos berços da nossa formação é imprescindível motivar, quiçá repensar todo o modelo da prática desportiva nas escolas.
Para falar nos primórdios, isto é, no seio das famílias, também somos um povo sem tradição de prática desportiva o que representa, à partida um “handicap” para uma boa orientação e formação desportiva.
Do ponto de vista estrutural não é visível grande desenvolvimento nem interesse em disponibilizar meios para o aumento da prática desportiva em Portugal. A cidade de Santarém parece-nos paradigmática; na realidade os scalabitanos não têm muitas “saídas” para a prática desportiva! Ainda são os clubes, aqueles que representam a elite organizativa de desporto em Portugal e neles se encontram grandes exemplos de esforço, dedicação e glória; contudo são por demais conhecidos “casos” no desporto português também não muito abonativos de uma prática desportiva cordial, considerando a visão ética do desporto e a vertente do abuso de substâncias dopantes.
Mas o que consideramos essencial é a formação, a motivação e a disponibilidade para uma prática desportiva saudável e regular, que nos dê prazer seja em que idade for praticada.
Considera a prática desportiva benéfica para a saúde do indivíduo?
A prática desportiva hoje em dia é considerada uma vertente essencial para a saúde e bem-estar psicossocial do indivíduo.
A prevenção e correcção de doenças metabólicas como a obesidade e a diabetes, de doenças cardiovasculares, como a hipertensão arterial, só é possível com medidas complementares de actividade física, e, se praticarem a prática desportiva como um processo regular, assíduo e sob vigilância técnica, não há dúvidas em afirmar a sua necessidade para uma vida saudável. A prática desportiva, sendo uma actividade que quebra a rotina diária do trabalho do indivíduo, tem, por isso, efeitos benéficos no seu “status” psíquico assim como deve beneficiar o seu relacionamento social.
Apelando à sua experiência profissional, registam-se de entre os seus utentes muitos casos de fracturas/lesões causadas pela prática desportiva? Como preveni-las?
Na realidade a prática desportiva está associada a lesões músculo-esqueléticas.
Na prevenção primária é importante escolher uma actividade de que se goste e que se adapte ao seu perfil físico e psíquico. Depois, existe prática desportiva de risco muito variável. As actividades desportivas com mais risco de lesões são as que envolvem contacto físico, especialmente futebol e outros desportos com bola. Os factores individuais também determinam o resultado final, isto é, o grau de competitividade, motivação, agressividade e concentração do praticante.
Na prática desportiva há ainda a considerar o uso correcto de vestuário, calçado e equipamento adequado à modalidade escolhida e a mesma ser orientada por técnicos credenciados.
Quais as lesões mais frequentes?
As lesões músculo-esqueléticas mais frequentes que nos aparecem são as chamadas distensões e entorses.
Afectam as estruturas elásticas do nosso organismo que são os músculos, tendões e ligamentos. Havendo um excesso de esforço intrínseco ou um forte traumatismo externo são as possíveis estruturas a sofrer esse impacto nefasto.
Se o mecanismo de lesão for mais elevado poderão aparecer as fracturas, as quais são frequentes em crianças dadas a característica mais elásticas dos seus ossos e, nos idosos, por menos resistência óssea.
A partir de que idade é que acha recomendável o inicio da pratica desportiva competitiva? Estar o organismo humano adaptado a um elevado esforço desde tão cedo (8 a 9 anos)?
A competição poderá ser encarada como um dos objectivos do treino e da prática desportiva, e ela por si só, pode ser saudável no sentido do praticante consciencializar-se das suas capacidades, limites e, ser capaz de aferir resultados.
Nas faixas etárias mais jovens é clássico haver escalões de competição: iniciados, infantis, juvenis e juniores, escalões que estão naturalmente relacionados com a maturidade física e respectiva idade.
O grau de exigência e de adaptação física vai sendo gradualmente adequado até à idade adulta, pelo que, nas idades mais precoces não é lícito “puxar” e desenvolver aspectos muito específicos do ponto vista físico.
Digamos que até à idade de 10 anos, toda a prática desportiva deverá ser encarada mais num plano lúdico e de formação sensorial.
Costuma ter cuidados com a sua alimentação?
Os meus cuidados com a alimentação estão quase sempre presentes, gosto de uma confecção simples, variada e requintada, adoro frutas e vinho tinto (fanático); de vez em quando não resisto a uma refeição mais elaborada se a ocasião ou a companhia justificar o pecado.
Acha importante ter cuidados alimentares para um bom desempenho físico? Porquê?
Não só no desempenho físico. A alimentação cuidada tem muita importância. No dia-a-dia é fundamental fazer refeições atempadas, diversificadas, com pouco sal, sem excessos de açúcares, álcool ou bebidas excitantes.
Sempre que se pratica desporto seja de manutenção, seja de competição, seremos obrigados a reforçar a ingestão de água, suplementos energéticos e vitaminas. Um exame médico anual deverá ser realizado a fim de prevenir qualquer carência alimentar e desportiva geradora de situações de doença, as quais o praticante, naturalmente, desconhece.
Conclusões
- O entrevistado caracteriza a prática desportiva no nosso país como deficitária, embora se reconheçam as suas benesses;
- O entrevistado considera a prática de desporto fundamental para as componentes física, social e psicológica das pessoas;
- O entrevistado recomenda a escolha de um desporto adequado a cada pessoa bem como um controlo na agressividade, motivação, competitividade e concentração para evitar lesões;
- O entrevistado aponta as distensões e entorses como sendo as lesões mais frequentes, não esquecendo as fracturas;
- O entrevistado não recomenda uma prática desportiva demasiado desgastante e exigente antes dos 10 anos de idade;
- O entrevistado vê como fundamentais os cuidados alimentares, quer em desportistas ou cidadãos comuns.
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